A ‘conquista do México’ e o ‘antropoceno irregular’: reinterpretando um episódio da história das Américas a partir de uma perspectiva de antropologia multiespécies e ecoevolucionista

Dr. Francisco Vergara-Silva
Este episódio explora a Conquista do México a partir de uma perspectiva multidisciplinar, com foco na Antropologia Multiespécies e na Ecoevolução para entender os eventos históricos de 500 anos atrás no atual continente americano, destacando a introdução de espécies não nativas pelos europeus e seu impacto nos ecossistemas e sociedades indígenas. Com base no trabalho apresentado por Anna Tsing e colegas, através do “Atlas Feral”, Francisco Vergara-Silva reflete sobre como as interações entre humanos e outras espécies moldaram a história e a ecologia. O conceito de “antropoceno irregular” é introduzido para sugerir que o impacto humano é irregular e localizado, com consequências ecológicas específicas e significativas. Finalmente, a ideia de “construção de nicho” é proposta para analisar a coevolução e adaptação das espécies ao longo do tempo, fornecendo uma perspectiva mais ampla sobre a influência humana no meio ambiente, antes e depois da Conquista.
Francisco Vergara-Silva é historiador, filósofo e sociólogo da ciência, nascido na Cidade do México (1971). Desde cedo, especializou-se nas ciências da vida e, entre 1990 e 2020, esteve envolvido em pesquisas empíricas em várias áreas – desde morfologia, taxonomia e biologia do desenvolvimento ecoevolutivo (“eco-evo-devo”) até o chamado “código de barras de DNA”, principalmente em espécies vegetais – para entender melhor como teoria e prática, ética e política são incessantemente negociadas e reconfiguradas em laboratórios bioscientíficos e outros espaços de “produção de conhecimento sobre a vida”, como jardins botânicos voltados para pesquisa. Após um longo período de coleta de espécimes vegetais na floresta Lacandona, começando alguns meses após o levante do EZLN em 1994, seu trabalho acadêmico tem avançado constantemente com um pano de fundo antropológico. Essa decisão se reflete não apenas na adoção de estruturas analíticas e metodológicas da antropologia e na sua participação em grupos de pesquisa interdisciplinares focados em como o racismo se oculta, se transforma e prospera no México e na América Latina, mas também em um interesse permanente em observar etnograficamente as comunidades situadas de cientistas entre as quais conseguiu sobreviver. No presente cripto-ecosindêmico e antropocênico, ele opta por se apoiar nas percepções da antropologia multiespécies e discursos relacionados, a fim de prosseguir com alguns projetos colaborativos e interdisciplinares que ainda considera valiosos.

Pontos de Aprendizagem

  • O que significa “pluralizar o anthropos” e como esse conceito se aplica ao estudo do Antropoceno?
  • Como se manifesta o “antropoceno irregular” e quais são as consequências ecológicas?
  • O que são “assemblages multiespécies” e qual a sua importância para a eco-evolução?
  • Como a noção de “construção de nicho” pode contribuir para a compreensão da coevolução e adaptação das espécies?