Francisco Vergara-Silva é historiador, filósofo e sociólogo da ciência, nascido na Cidade do México (1971). Desde cedo, especializou-se nas ciências da vida e, entre 1990 e 2020, esteve envolvido em pesquisas empíricas em várias áreas – desde morfologia, taxonomia e biologia do desenvolvimento ecoevolutivo (“eco-evo-devo”) até o chamado “código de barras de DNA”, principalmente em espécies vegetais – para entender melhor como teoria e prática, ética e política são incessantemente negociadas e reconfiguradas em laboratórios bioscientíficos e outros espaços de “produção de conhecimento sobre a vida”, como jardins botânicos voltados para pesquisa. Após um longo período de coleta de espécimes vegetais na floresta Lacandona, começando alguns meses após o levante do EZLN em 1994, seu trabalho acadêmico tem avançado constantemente com um pano de fundo antropológico. Essa decisão se reflete não apenas na adoção de estruturas analíticas e metodológicas da antropologia e na sua participação em grupos de pesquisa interdisciplinares focados em como o racismo se oculta, se transforma e prospera no México e na América Latina, mas também em um interesse permanente em observar etnograficamente as comunidades situadas de cientistas entre as quais conseguiu sobreviver. No presente cripto-ecosindêmico e antropocênico, ele opta por se apoiar nas percepções da antropologia multiespécies e discursos relacionados, a fim de prosseguir com alguns projetos colaborativos e interdisciplinares que ainda considera valiosos.