Desigualdades Corporificadas do Antropoceno - Introdução

Dr Jean Segata, Prof Ceres Víctora, Prof Paola Sesia, Dr Laura Montesi, Dr Jennie Gamlin & Prof Sahra Gibbon
Este é o artigo introdutório da edição especial “Desigualdades Corporificadas do Antropoceno”, publicado pela Medicine Anthropology Theory em 2021. Os autores questionam o próprio conceito de Antropoceno conforme foi inicialmente concebido no meio científico e argumentam que, mais do que um evento geológico-biológico, o Antropoceno é uma experiência social e política. Portanto, sua análise exige um estudo crítico conjunto das catástrofes ecológicas, eventos extremos, cidadania, saúde, riscos socioambientais e ‘desenvolvimento’ econômico.
‘Habitus’ (2013–ongoing), por Robyn Woolston. Publicado com permissão do artista. Veja o site do artista: https://www.robynwoolston.com.
Jean Segata é antropólogo social especializado em saúde multiespécies, epidemias e intervenções de biosegurança. Ele tem ampla experiência em trabalho de campo e no desenvolvimento de colaborações de pesquisa em toda a América Latina, principalmente no Brasil. Atualmente, é Professor Associado do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS, Brasil), onde dirige o Centro de Estudos em Animais, Meio Ambiente e Tecnologias (NEAAT), além da Rede Covid-19 Humanidades MCTI. Ele também é Pesquisador do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, 309710/2021-9).

Ceres Víctora é Professora do Departamento de Antropologia e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ela também lidera o Centro de Pesquisa em Antropologia do Corpo e da Saúde (NUPACS) na mesma universidade. Com experiência em pesquisa e ensino em Antropologia Médica, seu foco é em desigualdades de saúde, sofrimento social, violência, emoções e desastres no Brasil.

Paola M. Sesia é antropóloga médica e professora de saúde pública no CIESAS, México. Seus interesses de pesquisa atuais incluem saúde materna e reprodutiva, parteiras profissionais e tradicionais, violência obstétrica, acesso ao aborto e cuidados com o aborto, e saúde e políticas de saúde entre os Povos Indígenas no México. Ela aborda seu trabalho a partir de uma perspectiva de direitos reprodutivos e humanos, bem como de justiça social e vulnerabilidades estruturais, com foco em desigualdades sociais.

Laura Montesi é pesquisadora do CONACyT baseada no CIESAS, México. Ela é antropóloga médica com experiência em trabalho de campo em áreas rurais indígenas do México, e seu trabalho foca em condições crônicas, particularmente diabetes mellitus e comorbidades relacionadas. Ela entrelaça experiências vividas culturalmente fundamentadas com os funcionamentos de forças estruturais maiores. Seus interesses de pesquisa incluem as interseções entre saúde, desigualdades sociais e violência, bem como alimentação, cultura e direitos linguísticos.

Jennie Gamlin é Professora Associada e Pesquisadora Sênior do Wellcome Trust no Instituto de Saúde Global da UCL. Ela também é Co-diretora do Centro para Gênero, Saúde e Justiça Social. Sua pesquisa foca na colonialidade de gênero e saúde em comunidades indígenas Wixárika. O trabalho teórico de Jennie gira em torno da descolonização, ontologias indígenas de saúde e ser, etnografia crítica e historicização do patriarcado e da violência. Ela co-editou o livro “Antropologia Médica Crítica, perspectivas na e a partir da América Latina” (UCL Press 2020) e a série de livros “Corporificando  desigualdades, perspectivas da América Latina”.

Sahra Gibbon é Professora de Antropologia Médica no Departamento de Antropologia da UCL. Ela realizou pesquisas no Reino Unido, Cuba e Brasil, examinando as interseções entre saúde, gênero, cidadania, ativismo e identidade. Sua pesquisa atual foca em examinar o contexto social da pesquisa biossocial em coortes de nascimento e desigualdades corporificdas, particularmente em relação a questões de toxicidade, poluição e saúde do Antropoceno. Ela é co-editora da série da UCL Press “Corporificando  Desigualdades: Perspectivas da Antropologia Médica”.

Pontos de Aprendizagem

  • Embora a proposta de reconhecer o Antropoceno como uma era geológica tenha sido rejeitada por um comitê de especialistas, a terminologia se mostrou frutífera para o debate político-ecológico. Que tipo de evidências e/ou argumentos foram apresentados por cientistas de diferentes áreas que são a favor e contra a definição?
  • O artigo afirma que grupos vulneráveis tendem a estar mais expostos a riscos de saúde e ambientais do que os mais privilegiados. Como podemos refinar essa ideia?